terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sessão dia 25 de Outubro - Fora de Campo de Adirley Queirós | 20h | ENTRADA FRANCA


FORA DE CAMPO

ENTRADA FRANCA
Terça-feira, 25 de outubro de 2011, às 20h
Centro Cultural Cara Vídeo, rua 83, n. 361, St. Sul

O Cineclube Cascavel apresenta na próxima terça-feira, dia 25 de outubro às 20h, o documentário Fora de Campo, de Adirley Queirós.
O mundo do futebol em Fora de Campo não passa no Globo Esporte. Exibido na mostra competitiva de longas nacionais no festival “É Tudo Verdade” de 2010, o documentário conta histórias de fracassos, desilusões e amarguras de jogadores de futebol profissionais.

Fora de Campo fala do futebol que a TV não mostra, dos jogadores que os cartolas não disputam

O documentário tem como recorte espacial o Distrito Federal do Brasil. Cidade-satélite criada para abrigar famílias que, segundo o governo militar, estavam “invadindo” o plano-piloto, Ceilândia nasceu como terra vazia. À medida em que iam surgindo casas, surgiam também, sem grama, campos de futebol. “Jogar futebol era a única coisa que tinha pra fazer”, conta o diretor do filme Adirley Queirós, que também foi ex-jogador e que, aos 28 anos, foi estudar cinema e hoje, aos 40, mal acredita que foi selecionado para o É Tudo Verdade. "Vou ser sincero: não achei que a gente tivesse chance." Efeito, talvez, do trauma futebolístico.
Fora de Campo fala do futebol que a TV não mostra, dos jogadores que os cartolas não disputam. Segundo Queirós, existem cerca de 500 times cadastrados na CBF. Desses, 40 pertencem às séries A ou B. É o mundo anônimo que o filme tateia. O próprio diretor foi jogador profissional de futebol. Ganhava entre dois e três salários mínimos. "Mas, mesmo ganhando pouco, sendo jogador de futebol, você tem uma moral. O dono do bar te paga cerveja, você faz sucesso com as mulheres. E, mais do que tudo, você adora jogar."
Queirós assinou o primeiro contrato aos 16 anos, com o Ceilândia. O sonho do time grande chegou a parecer possível quando foi jogar na equipe de juniores da Ponte Preta, de Campinas. Ele jogou até os 25 e, ainda hoje, sonha que está em campo e acorda com cãibra. Quando parou de jogar, começou a dar aulas particulares de matemática e física. Resolveu prestar vestibular. Optou por cinema porque, na área de comunicação, era a nota de corte mais baixa.

Adirley Queirós, diretor do documentário Fora de Campo, também já foi jogador profissional de Futebol

O documentário passeia por jogos de times obscuros da terceira e quarta divisões, entra em vestiários de estádios longínquos e finalmente nas casas simples de jogadores ainda atuantes e aposentados.
Fora de Campo mostra que essa realidade é a regra e não a exceção. Aponta que somente 8% dos profissionais jogam na primeira e segunda divisão do Brasileirão. Abaixo dessa elite que aparece na TV, há a espessa base da pirâmide social futebolística, marcada por baixos salários, calotes e desmotivação. E ainda expõe que, mesmo jogadores consagrados em times grandes e no futebol europeu, por vezes terminam pobres e desamparados na aposentadoria.

Maninho, personagem de Fora de Campo e um dos ex-famosos do futebol, se prepara para cobrar falta

Segundo o crítico de cinema Cléber Eduardo, Fora de Campo “não é um documentário sobre fracassos ou de luto, mas sobre trabalhadores com limites claros, esforçados para sair da imobilidade social e econômica. É um documentário ao mesmo tempo cruel, respeitoso e realista com o mundo enfocado e com seus personagens. O fato de não querer potecializar esses personagens a qualquer custo, como parece ser a tendência geral dos documentários brasileiros, o coloca em um contrafluxo já forte o suficiente para lhe garantir um valor político forte. O fato de não ver em seus personagens subjetividades apartadas do mundo, como se fossem em si, já marca uma atitude de encarar o indivíduo em relação a seu entorno e em perspectiva. Aqueles toques de lado iniciais, portanto, são esquecidos ao final. Vitória da problematização sem amaciantes, do materialismo sem poesia reacionária, da poesia em um mundo vacinado contra ela. Que a dialética seja resgatada ou será a vitória da direita estética.”

Release com trechos adaptados dos textos de Bruno Cava e de Ana Paula Sousa nos sites: http://quadradodosloucos.blogspot.com/2010/04/critica-fora-de-campo-adirley-queiros.html

PROGRAMAÇÃO
DIA 25/10 – FORA DE CAMPO
Terça-Feira 20h
Fora De Campo | Adirley Queirós, Doc., Ceilândia/DF, 2009, 52 min.
No Brasil existem cerca de 500 clubes de futebol profissional. 40 times disputam as séries A e B do campeonato brasileiro. Apenas 8% fazem parte da chamada “elite” do esporte. A esmagadora maioria dos jogadores convive, assim, com condições precárias de trabalho, sem contratos ou carteira assinada, recebendo salários atrasados, sem férias ou benefícios. Nesse mundo de clubes pequenos, longe dos patrocínios milionários e de uma infraestrutura técnica e médica, atletas como Maninho, 32 anos, que foi campeão pelo Guarani (SP), continuam a esperar uma segurança sempre distante. Um ex-jogador como Bé, ex-integrante do Vila Nova goiano, hoje trabalha como segurança. Raros, como Marquinhos Carioca, sobrevivem como técnicos, depois de pendurar as chuteiras.


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Terça-feira, 25 de outubro de 2011, às 20h
Centro Cultural Cara Vídeo, rua 83, n. 361, St. Sul (EM FRENTE À PAMONHA PURA)
Debate com o público após a sessão
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: não informada

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