FOGO INEXTINGUÍVEL
ENTRADA FRANCA
Terça-Feira, 10 de maio de 2011, às 20h
Centro Cultural Cara Vídeo, rua 83, n. 361, St. Sul, Goiânia
Nesta terça-feira, dia 10 de maio de 2011, às 20h, o Cineclube Cascavel exibirá Fogo Inextinguível de Harun Farocki, um dos mais respeitados videomakers alemães da atualidade. Fogo Inextinguível (ou Fogo que não se acaba) faz ponte entre o caráter didático e a agitação política em sua obra, através de uma rígida escassez de meios cinematográficos. Contra o voyeurismo das reportagens sobre a Guerra do Vietnã, Farocki aposta em uma elaboração pedagógica: partindo de uma reconstrução do modelo da bomba de napalm, seguido por um apelo lúdico à resistência.
Fogo Inextinguível é o primeiro filme de Farocki
fora da Escola de Cinema de Berlim (DFFB)
Autor de ensaios fílmicos e instalações nos quais analisa os modos de fabricação e percepção das imagens e as relações entre cultura audiovisual, consumo, tecnologia e guerra, Harun Farocki, no filme Nicht löschbares Feuer [Fogo inextinguível] (1969), após ter lido o testemunho da vítima vietnamita de um bombardeamento americano com napalm, dirige-se ao espectador com estas palavras: “Como é que podemos mostrar-vos o napalm em ação? E como é que podemos mostrar-vos as lesões causadas pelo napalm? Se vos mostrarmos fotografias de queimaduras de napalm, fecharão os olhos. Primeiro fecharão os olhos às fotografias. Em seguida fecharão os olhos à memória. Depois fecharão os olhos aos factos. E depois fecharão os olhos a todo o contexto. Se vos mostrarmos uma pessoa com queimaduras de napalm, ferimos os vossos sentimentos. Se ferirmos os vossos sentimentos, sentir-se-ão como se tivéssemos experimentado napalm em vocês, à vossa custa. Podemos apenas dar-vos a sombra de uma ideia de como funciona o napalm.” Farocki pega então num cigarro aceso, que esmaga no braço. Substituindo o efeito da explosão de uma bomba de napalm pela queimadura mais familiar – e quase insignificante – de um cigarro, Farocki propõe-se dar uma ordem de grandeza às imagens banalizadas das explosões de bombas de napalm e provoca assim um sentimento de horror, tanto a ordem de grandeza dessas dores ultrapassa a nossa compreensão. Nicht löschbares Feuer é uma obra representativa da constante preocupação de Farocki com a análise das relações entre a percepção e o intelecto, entre as imagens e as suas significações.
Farocki se queima após ler testemunho de vietnamita
Conhecido como o mais importante cineasta alemão, Harun Farocki é um dos mais respeitados também pela sua criatividade e fértil produção, que reúne filmes absolutamente originais e relevantes, tanto do ponto de vista da linguagem quanto dos temas que abordam. No entanto, seu trabalho permanece praticamente desconhecido no Brasil, pouquíssimos de seus filmes chegaram às nossas telas, mesmo em mostras e festivais de cinema ou no circuito alternativo.
Farocki produziu quase cem filmes, entre
documentários, animações e programas de TV
Harun Farocki nasceu em 1944 em Novy Jicin (atual República Tcheca) e hoje mora em Berlim. Nas últimas quatro décadas, produziu diversos filmes que abordam da queda da ditadura romena à atual guerra no Iraque e questionam a relação entre o audiovisual e a política, a tecnologia e a guerra. Suas obras constituem-se de uma auto-reflexão profunda sobre a cultura audiovisual e a tecnologia, de proliferação de mídias, de explosão do consumo e da produção de informação – assuntos de indiscutível relevância na sociedade contemporânea. É também um artista profundamente politizado, que desde a Guerra do Vietnã vem produzindo reflexão e arte a partir de uma percepção aguda dos principais conflitos armados que marcaram a geopolítica das últimas décadas.
A sessão de Fogo Inextinguível, em que Farocki assina direção, roteiro, edição e produção, é uma boa oportunidade de se conhecer mais o trabalho deste cineasta alemão, que enfatiza as relações entre imagem e poder em nosso tempo.
PROGRAMAÇÃO
DIA 10/05 – FOGO INEXTINGUÍVEL
Fogo Inextinguível (Fogo que não se acaba | Nicht löschbares Feuer) | Harun Farocki, Doc., PB, Alemanha, 1969, 25 min
Sinopse: “Contra o voyeurismo das reportagens sobre a Guerra do Vietnam, Farocki aposta numa elaboração pedagógica: partindo da reconstrução de um modelo da bomba de napalm, seguido por um apelo lúdico à resistência” – Cinemateca Brasileira
Trailer: http://vimeo.com/16833363
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ENTRADA FRANCA
Classificação indicativa: livre
Terça-Feira, 10 de maio de 2011, às 20h
Após a sessão, debate com os presentes
Centro Cultural CARAVÍDEO
Endereço: rua 83, n. 361, St. Sul, Goiânia
CINECLUBE CASCAVEL
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